A Inata, Agência Experimental de Publicidade, formada por estudantes das Faculdades Integradas Barros Melo (AESO), promove mais um intercâmbio em parceria com a TIE (The Internacional Exchange), fundada pela inglesa Philippa White, que tem como objetivo trazer agentes de comunicação de grandes empresas estrangeiras para desenvolver campanhas em ONGs brasileiras. “Nossa intenção é dar “voz” às Organizações”, comenta Philippa.
Desta vez quem contribui com a Inata é Nazia Hussain, Diretora de Estratégias Culturais na Ogilvy, de Londres. Nazia Hussain já exerceu atividades em Dhaka, Dubai, Istambul, Moscou, Xangai e Washington. A profissional, de Bangladesh, colabora com a equipe da Aeso – Barros Melo até o dia 16 de abril. A missão de Nazia, junto a Agência Experimental, é realizar um projeto de comunicação para a Biblioteca Multicultural Nascedouro, do MCBL (Movimento Cultural Boca do Lixo) .
Para desenvolver a campanha, a Inata conta com os alunos de Publicidade: Diego Koury (produção), Samanta Bezerra e Daniel Vilela (atendimento), Elane Salvino (criação) e Adeilson Lopes (assistente de coordenação); do curso de Design Gráfico: Lucas Paes e Luiz Oliveira (direção de Arte); e da graduação em Jornalismo: Arlene Frutuoso (produtora de conteúdo). “A ideia maior é focar em ações comunicacionais para atrair mais crianças para a Biblioteca”, explica a discente.
A Agência Experimental é supervisionada por Sandra Lima, professora da Aeso-Barros Melo – graduada em Comunicação Social pela Universidade Gama Filho (RJ) e Mestre em Multimeios pela Unicamp, São Paulo. Já trabalhou como publicitária e produtora em emissoras de rádio e televisão. Atua na docência há 10 anos. “Acho que vai ser muito interessante desenvolver esse trabalho, que requer grande criatividade”, comenta a coordenadora.
Retrospectiva - Este é o sexto intercâmbio promovido pela TIE /Inata . Em novembro (2008), a Agência Experimental recebeu o publicitário Ryan Fischer, da Wieden + Kennedy de Londres, que ajudou a desenvolver um plano de comunicação para o projeto “Cozinha Solidária”, da ONG GTP+. Em março de 2009, foi a vez de Ed Richards, da Leo Burnett, responsável pelo atendimento e planejamento para clientes como McDonald´s, Kellogg´s, participar de nova ação: Ed atuou junto a Inata no Projeto “Edifício Ecológico”. Em seguida, Anna Bradfield (JWT - Nova Iorque) criou a campanha da ONG “Em Cena Arte e Cidadania”. Em abril de 2010, a Inglesa Micha Colombo, Diretora de Planejamento na Digit, trabalhou para o Grupo Ruas e Praças. Em outubro de 2010, Harry Dromey, profissional de atendimento e planejamento publicitário, na Leo Burnett (Londres) participou de projeto para a GTP+.
Espaço - A Biblioteca Multicultural é um espaço cultural, inaugurado em 2000, gerenciado por jovens estudantes e amantes dos livros e da arte-educação como forma de desenvolvimento humano. Está instalada numa das dependências do antigo Matadouro de Peixinhos, hoje Nascedouro (onde também fica o MBCL). Tem um acervo de seis mil publicações da literatura brasileira e estrangeira, principalmente a africana. Entre os gêneros estão: psicologia, auto-ajuda, religião e história. Algumas atividades desenvolvidas: oficinas e produção de texto, recitais de poesia, rodas de discussões sobre histórias, exibições de vídeos e filmes, empréstimos de livros, incentivo e orientação aos estudos e pesquisas escolares e extra-escolares. Os objetivos são estimular e promover a leitura, em suas variadas expressões, na comunidade e em bairros próximos – a Biblioteca tem cerca de 500 pessoas cadastradas.
Movimento Boca do Lixo - Peixinhos, bairro situado nos limites entre os municípios de Olinda e Recife, já foi conhecido como uma das comunidades mais violentas da Região Metropolitana. O antigo Matadouro Industrial era um dos centros da engrenagem econômica que moveu a localidade até a década de 70, ano em que fechou as portas e converteu-se num local ligado a marginalidade. O que durou até o início da década de 90, quando o “Movimento Cultural Boca do Lixo” começou a se organizar. Tratava-se de um grupo de jovens integrantes de bandas de Punk Rock que queria se expressar e mudar o cotidiano de exclusão e de desigualdades sociais. Orientado pela ideologia Punk, realizou shows undergrounds nas ruas da localidade.
O time passou a arrecadar alimentos e levá-los ao lixão de Aguazinha. Foram realizados protestos contra a violência, exploração e injustiça social. A partir desse conjunto de ações o espaço se configurou como referência cultural. Mas a total ausência de locais para ensaios e apresentações das bandas, impulsionou uma tomada de atitude do MCBL: ocupação dos espaços já em ruínas e ociosos, do complexo arquitetônico do Matadouro Industrial de Peixinhos.
“Hoje, o Boca do Lixo, com mais de dez anos de trajetória e resistência de artistas olindenses, tem como objetivo a transformação social dos moradores da região, promovendo sempre a cultura e a educação como determinantes na construção de uma sociedade mais justa. Conta com atividades ligadas a música, dança, ao teatro e a literatura. É uma ação totalmente comunitária”, explica Rogério Bezerra, coordenador executivo do MCBL. São parceiros do Movimento, com incentivos para a Biblioteca: Programa BNB de Cultura – BNDS e Governo Federal; Instituto C&A de Desenvolvimento Social; ASW – Ação Mundo Solidário (Alemanha); e o GCASC (Grupo Comunidade Assumindo suas Crianças). O Movimento Cultural foi escolhido para coordenar a Rede de Bibliotecas Comunitárias da Região Metropolitana do Recife, da qual faz parte a BMN.