Com unhas pintadas em cores vibrantes, cabelo liso, pele branca, tatuagem no pulso, já fez teatro, dançou, viajou, foi roqueira, fez amigos, aprendeu a ser mãe, mulher, cantora. Hoje, ela é simplesmente Alessandra Leão, uma multiartista que divide a vida entre os palcos, a casa, os estudos e a família. Filha caçula de cinco irmãos, a percussionista e compositora iniciou a carreira em 1997 com o grupo “Comadre Fulozinha”, e atuou ao lado de grandes músicos como: Antônio Carlos Nóbrega, Siba, Silvério Pessoa, Kimi Djabaté, do Guiné Bissau, Florencia Bernales, da Argentina. Compôs em parceria com: Juliano Holanda, Chico César e Kiko Dinucci. Em 2006 deu início ao trabalho autoral, com o elogiado Brinquedo de Tambor, produzido e arranjado em parceria com o violeiro, compositor, arranjador e marido Caçapa.
Mãe aos 19 anos, Alessandra nunca achou que estivesse nova demais para encarar a maternidade. Já tinha responsabilidades, realizava shows e turnês. Estava no início da carreira. Teve que dividir tudo com a dádiva de ser mãe. “É um aprendizado diário. Você vai conhecendo aquela criaturinha... Eu não compreendia o que queria dizer o choro, o sono, a cólica. A única coisa que eu sabia sobre o meu bebê é que ele soluçava na barriga e se acalmava quando eu tocava”, comenta.
A cantora que fala sobre dualidades, de chegadas e partidas, de Ogum e de Iemanjá, de amor e violência, tradição e contemporaneidade, fogo e mar, África e América, resgata e é influenciada por ritmos populares como o Cavalo Marinho, o Coco, o Maracatu Rural e músicas de raízes africanas e sul-americanas. “Gosto muito de música tradicional de um modo geral, não só do Brasil, mas de outros lugares também. Eu acho o Maracatu Rural o mais Heavy Metal possível, a sensação que os metaleiros tem quando vão para um show de rock, é a mesma quando me deparo com aquela beleza.”
Agora, em uma nova etapa da vida, estuda Produção Fonográfica nas Faculdades Integradas Barros Melo – Aeso. “Eu não me fecho para o aprendizado. Eu nunca acho que é o bastante, até porque o mercado da música, atualmente, está em constante transformação, e se você não estiver minimamente interessado em aprender e entender você fica perdido no tempo”, revela enquanto afirma que a faculdade sistematiza o conhecimento e abre a cabeça para novos horizontes, proporcionando uma vivência com pessoas de outras gerações e de outros nichos.
Ainda tentando compreender a rotina de estudos, família, casa, filho, marido, Alessandra joga para longe a ideia do sexo frágil. “A mulher tem uma qualidade de fazer e pensar muitas coisas ao mesmo tempo. É uma característica bem feminina”. Seguindo e se inspirando na vida da mãe, que teve cinco filhos (quatro mulheres e um homem) e nunca deixou de estudar e trabalhar, a cantora, compositora e percussionista segue a vida! Canta e encanta com a voz por vezes doce e suave que se mistura com uma alegria ancestral das sertanejas do Norte e Nordeste.
A profissional - Em 2006, Alessandra iniciou o trabalho autoral, com o CD “Brinquedo de Tambor” que entrou para a lista dos 10 melhores discos de 2006 do Prêmio Uirapuru, da revista gaúcha “O Dilúvio”; e em janeiro de 2008 teve duas músicas recomendadas no playlist do músico americano David Byrne. Em 2007, foi uma das selecionadas no Programa Rumos Itaú Cultural, na cartilha Mapeamento.
O projeto para o segundo CD solo, “Dois Cordões”, foi selecionado no Programa Petrobras Cultural e patrocinado pela Petrobras por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Produzido e arranjado por Caçapa e lançado em 2009, “Dois Cordões” conta com as participações de: Jorge Du Peixe (Nação Zumbi), Kiko Dinucci, Florencia Bernales (Argentina) e Victoria Sur (Colômbia).
Desde 2004, idealizou e coordena o projeto coletivo Folia de Santo, que se propõe a compor músicas baseadas nas tradições ligadas ao “catolicismo popular”. O CD homônimo foi lançado em dezembro de 2008, durante as gravações do DVD do projeto.
Participou do Projeto Era Iluminada – Mangue Beat (Sesc Pompéia -SP), ao lado de nomes como Jorge Du Peixe, Siba, Dengue, Cannibal, Júnio Barreto, Lia de Itamaracá, entre outros.