Ex-aluno das FIBAM atua nos bastidores da série Carcereiros


Rádio, TV e Internet
abril. 18, 2019

João Barbalho é montador e trabalha com pós-produção audiovisual

Aos 21 anos, no primeiro semestre de 2012, João Barballho se tornou estudante de Rádio, TV e Internet, nas Faculdades Integradas Barros Melo (AESO). Esse foi o primeiro passo da carreira profissional. Mas, a história do então calouro com a área começara muito antes, ainda na infância, quando os pais tinham uma produtora de audiovisual. João e os irmãos, praticamente, cresceram no local. E foi um desses irmãos que abriu os olhos dele para conhecer mais sobre RTVI.  Cinema era a opção inicial, mas a abrangência da segunda alternativa falou mais alto.

Conheça um pouco da trajetória profissional de João Barbalho, que, hoje, atua em São Paulo, como montador assistente em séries de TV. Uma das recentes experiências dele foi na pós-produção de Carcereiros, série inspirada no livro homônimo de Dráuzio Varella, que conta com direção artística de José Eduardo Belmonte, e estreou segunda temporada na Globo, em 16 de abril. 

AESO: Quais foram suas experiências iniciais no mercado de trabalho? 

J.B: A primeira foi no início do curso, em uma campanha política,  para a Prefeitura do Recife.  Ao mesmo tempo em que eu perdia a ilusão com tudo que a gente imagina que é trabalhar na área, eu me apaixonava por todo o processo, dinâmica e formas de pós-produção. Eu tive a oportunidade de aprender, em três meses, algo que eu poderia levar anos em outros trabalhos.  Também conheci grandes profissionais, que me ajudaram muito nesse começo. Quando acabou a campanha, a produtora responsável me efetivou como estagiário de edição. Tive meu primeiro desafio, que foi editar um vídeo institucional de um cliente, e correu tudo bem, com uma aprovação tranquila. Isso me deu bastante confiança naquilo que eu queria, que era trabalhar com edição e montagem no audiovisual.  

AESO: Como você decidiu que rumo tomaria na carreira? 

J.B: Eu sempre quis trabalhar com edição e montagem de vídeo, mesmo não sabendo muito bem como funcionava. Tive pequenas experiências na escola, onde eu ficava responsável por editar os trabalhos. Como entrei na área fazendo campanha política, acabei, nos três primeiros anos no mercado, trabalhando, praticamente, com isso e publicidade. Até que, em 2015, já na época da conclusão do curso de RTVI, decidi ser freelancer. Assim consegui produzir meu TCC e trabalhar com outros conteúdos. Foi aí que surgiu a oportunidade de fazer minha primeira série de TV, chamada "Fim do Mundo", que foi ao ar pelo Canal Brasil, em 2016, com direção de Hilton Lacerda e Lírio Ferreira. Entrei de vez no mercado de séries e direcionei meu foco de atuação. 

AESO: Qual é a sua função atual? 

J.B: Hoje eu trabalho como montador assistente em séries de TV. Além de todo o trabalho de organização e sincronização do material da filmagem, que um assistente de edição faz, também monto as cenas, dando um primeiro corte para o montador principal. Isso dá mais liberdade criativa e tempo para ele pensar na montagem como um todo. Ainda faço algumas publicidades e produtos institucionais de eventos como freelancer, mas com menos frequência. 

AESO: Você participou da equipe de edição da série Carcereiros. Como foi? 

J.B: Foi uma grande experiência. É aquele trabalho marcante, que você leva pra vida toda. Tive a oportunidade de atuar com profissionais consagrados do mercado, aprendi muito e fiz muitas amizades. A equipe de edição era formada por quatro montadores e três assistentes. Eu era um desses montadores assistentes, responsável pela organização do material e levantamento, que é como chamamos o primeiro corte da cena.  No início, os mais experientes sentavam para falar sobre o corte, os erros e acertos. Quando o bicho começou a pegar, não tinha muito tempo pra conversa, mas, apesar de todo o estresse que é a pós-produção de uma série do porte de Carcereiros, foi uma troca muito grande. 

AESO: Teve algum outro trabalho que te marcou?

J.B: A série documental "Índios do Brasil", da qual fui montador, e que foi meu último trabalho, antes de mudar para São Paulo. Foi feita para a EBC e TVs públicas, em 2017. Além de assinar como montador, trabalhei com os diretores Adelina Pontual e Camilo Cavalcante, pessoas que admiro pelos filmes "Rio Doce/CDU" e "A Historia da Eternidade", respectivamente. E o conteúdo histórico da série, que fala sobre as comunidades indígenas que residem no nordeste e as histórias de resistências, me dá orgulho de ter participado. 

AESO: Quais os planos daqui para frente? 

J.B: Continuar atuando em séries de TV e cinema, focando em ficção que é o gênero que eu mais curto. Meu objetivo é chegar a assinar como montador. Atualmente, estou trabalhando em uma nova série da Netflix, e, nas próximas semanas, inicio em mais uma série da Globo. Em 2020, pretendo fazer uma pós-graduação na área de comunicação, depois um mestrado. Uma das coisas que pude perceber é que existem poucos profissionais da minha área nas universidades. Como a carga de trabalho é muito intensa, são poucos os que continuam estudando. Quero poder, quem sabe um dia, dar aula.


AESO: O que você mais gosta no seu trabalho?

J.B: Eu realmente gosto muito da pós-produção, em especial, da montagem. Sou completamente apaixonado. Trabalhar narrativas e linguagens audiovisuais é fascinante, um privilégio. É na montagem que o filme toma forma, é na montagem que os personagens são construídos. Gosto de estudar, ler, debater sobre o assunto. É algo que já faz parte de mim. Já trabalhei em set de filmagem e confesso que não curti muito, pois o ambiente é agitado, corrido, com muitas demandas de produção e vários fatores que podem fazer nada dar certo. Apesar de uma ilha de edição nem sempre ser um espaço calmo, é, com certeza, onde eu me sinto mais confortável. Pelo menos, pelos próximos cinco anos, meu foco é esse. 

AESO: Qual a sua visão sobre o lugar do profissional de RTVI?   

J.B: Acredito que seja a de informar, de sensibilizar o público sobre temas, que, muitas vezes, não fazem parte de suas realidades. Adicionar conhecimento e cultura à população, no geral. Hoje,  com o alto consumo de mídias e o advento da internet, talvez o audiovisual seja uma das formas mais democráticas de produção e disseminação da nossa cultura. Por isso, defendo o investimento e incentivos públicos na área. Seria muito interessante e importante que houvesse produções em todas as regiões do país, e que todos os brasileiros pudessem ter acesso a isso. 

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