Em “Quanto Craude no meu Sovaco”, a axila de uma mulher funciona como cenário de abusos
Desde quando você depila as axilas? E por qual motivo começou? Tema que se transformou em filme nas mãos da aluna do curso de Cinema e Audiovisual da AESO-Barros Melo, Maria Eduarda Menezes. O curta-metragem Quanto Craude no meu Sovaco traz o debate sobre a opressão contra a mulher a partir da axila de uma modelo.
Como proposta de atividade prática da disciplina de Realização Cinematográfica, orientada pela professora Gabriela Alcântara, o vídeo é um autorretrato das experiências vividas pela roteirista, que se sentia oprimida por não ter os pelos aceitos pela família e sociedade: “Me aborrecia o fato de que, em todo e qualquer evento social, minha mãe me pedia para que fizesse depilação, e eu atendia. Mas isso me deixava extremamente desconfortável. Os pelos representavam coragem, força e resistência. Ao tirá-los, me sentia fraca e covarde”, argumenta.
Com o auxílio da pintora Fefa Lins, Maria Eduarda pensou no roteiro, enquadramento, luz e movimentação dos personagens da produção. “Ela entendia o discurso por também ser mulher, lésbica, feminista e, o mais importante, cabeluda”, explica. Em apenas um dia, e no ateliê de Fefa, elas produziram o filme que, em 2018, foi convidado para participar do II Festival Transborda de Cultura sem Gênero, realizado no Recife.
“Em plano fechado, a axila funciona como cenário de abusos contra a imagem, corpo e intimidade feminina. Combina ainda uma trilha sonora que empresta tensão e urgência ao que se vê, e o resultado é inesquecível. É um trabalho de experiência com a linguagem audiovisual apto a concorrer em qualquer festival de cinema”, diz Luiz Joaquim, coordenador do curso de Cinema e Audiovisual da AESO-Barros Melo.
Ficha técnica:
Quanto Craude no meu Sovaco
Ano de produção: 2017
Dirigido por: Duda Menezes e Fefa Lins
Estreia: II Festival Transborda de Cultura Sem Gênero (Mostra Curtas)
Duração: 3’40”
Classificação indicativa: 10 anos.
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