A coordenadora do curso de artes plásticas da Barros Melo, Cristiana Tejo, embarca na terça-feira (17) para Cuba, onde será curadora da sala especial de Paulo Bruscky na X Bienal de Havana. A mostra que começa no dia 27 de março é uma retrospectiva dos 40 anos de trajetória do artista pernambucano e celebra o tema “Resistência e Integração na Era Global”. A exposição reunirá mais de 200 artistas provenientes de 44 países.
De acordo com o diretor do evento, Ruben Del Valle, a presença de Cristiana como curadora e a retrospectiva é um reconhecimento duplo do excelente trabalho dos pernambucanos. “Valorizamos não apenas a produção artística, mas também a produção crítica do Estado” disse. Para Tejo a pesquisa teve como ponto de partida a obra “Poema para voar - Arte em trânsito e em todos os sentidos”. “Utilizamos este trabalho para definir os pontos que norteiam o trabalho de Bruscky, tais como: a fluência na utilização de linguagens e suportes dos mais diversos, a ênfase na idéia e na poesia em detrimento da visualidade, o uso da ironia como estratégia de subversão e o estabelecimento de redes de trocas que furavam bloqueios políticos e econômicos” afirmou.
A Bienal de Havana é um dos eventos artísticos de maior prestígio no mundo. Fundada há 25 anos na capital cubana, a Bienal gerou um contraponto importante no sistema da arte internacional ao assumir um recorte geográfico que englobava o então “terceiro mundo”: América Latina, África e Ásia. No decorrer de mais de duas décadas, artistas de outras procedências ampliaram o alcance da bienal e propiciaram uma atualização de perspectiva geopolítica. A X Bienal de Havana reunirá mais de 200 artistas provenientes de 44 países. Também figuram na lista de salas especiais artistas de renome internacional, como Louis Camnitzer, Leon Ferrari, Fernell Franco, Antonio Olé, Shigeo Fukuda, Sue Williamson, Pepón Osório, Guillhermo Gómez Peña e Antonio Matorell. Além de Bruscky, apenas outro brasileiro terá destaque nesta edição da bienal: Nelson Leirner.
Bruscky - Artista voltado, desde os anos 70, para as ações da vanguarda e do experimentalismo. Tem realizado projetos de performance, instalação, intervenção, vídeo e linguagens multimídia. Em 1981 recebe a Bolsa Guggenheim de Artes Visuais, residindo por um ano em Nova Iorque. Suas experiências com arte-correio, áudio-arte, vídeoarte, artdoor e xerografia/faxarte, são apontadas como pioneiras dentro das discussões acerca da utilização de novos meios na arte brasileira. Possui importante acervo documental acerca das vanguardas artísticas do pós-guerra, incluindo trabalhos originais do Grupo Fluxus e Gutai (Japão), tendo mantido correspondência regular com alguns de seus membros. É reconhecido como um dos mais importantes renovadores da cena artística contemporânea do Recife. No período de 1979 a 1982 realizou 30 filmes de artista/videoarte. Em 1980, inventou os "xerofilmes", que são filmes feitos a partir de imagens xerográficas, abrindo um novo campo para o desenho animado e o cinema experimental. A partir de 1983 iniciou suas vídeo-instalações e já participou de 60 mostras realizadas no Brasil, Itália, Canadá, USA, Venezuela, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Portugal e Espanha.
voltar
